quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O que tu vê?


Os átomos, as células, as reações e interações estão lá, como partes integrantes do grande punhado de matéria prima que forma aquilo que tu vê diante do espelho. Esse emaranhado de pequenos fragmentos e propriedades decidiram o que tu iria ver. E lá está a imagem. E quem decide por eles? Quem decide por quem?


Que jogo é esse em que tu não sabe quem dita as regras? Esse jogo da vida que por vezes se torna ingrato. Ingrato com a tua vontade, com a tua disposição. Como se fosse um filme onde o roteiro te surpreende constantemente e os personagens vão sendo inseridos e retirados deliberadamente. Onde a fantasia se funde com o real, num momento em que se esclarece em tua mente a impossibilidade de determinar a exata definição de um e outro. Onde, inexplicavelmente, até as peças mais difusas e inexpressivas acabam por se encaixar perfeitamente, preenchendo no momento certo as lacunas das tuas dúvidas e devaneios. E onde no fim tudo sempre parece dar certo tornando os caminhos iluminados diante de ti.


O que te mantém vivo? Talvez seja o simples fato de ainda não ter a resposta para essa questão.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

As últimas palavras


Talvez sejam minhas últimas palavras. À serem ditas ou ouvidas.



É assim. Tu nunca sabe a hora que vai acontecer, mas se tu vive uma vida profunda tu consegue sentir lá no fundo quando algo forte está por vir. Não falo de início ou fim, nada germinal ou terminal. Sem extremos. Falo de qualquer coisa. Falo de qualquer ponto de vista. Falo de conexão ao ponto de entender o princípio, meio e fim. Quando falo de últimas palavras, leia-se de uma frase, ou de um diálogo, ou de uma relação. A interpretação é tua, a ideia é minha, e nessa lacuna entre uma coisa e outra existe um universo, onde muitos se perdem, outros se acham e tem outros ainda que acabam por ficar inexplicavelmente presos.


Sensibilidade para captar a presença ou ausência das coisas. As pessoas tem dificuldade de enxergar, perceber além, entender a sua própria espécie, ter uma relação profunda onde as respostas não venham apenas com palavras, mas também com a ausência delas. Onde um olhar seja o abismo a se jogar sem medo em direção às profundezas de uma mente fértil, pronta para oferecer seus maiores segredos sem culpa, sem rancor, sem receio.


"As pessoas são assim, não suportam novidades. É mais fácil entrar e cair na rotina só mais uma vez."

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O "outro você"


Imagine você. Bom, agora imagine "outro você", fruto de criações da sua mente, baseado no que os outros querem de você, no que os outros cobram de você.


Você é criativo, você é puro, autêntico. Ocupa apenas seu espaço no meio. Você interage e evolui, você ama e odeia, você não apenas percorre os poucos metros da vida, você percorre as milhares de milhas da existência, você medita e sonha até aquilo se transformar em você. Você transcende.


O "outro você" é um personagem que busca se inserir nos padrões que te são cobrados. Que tenta viver com o meio se moldando constantemente e se armando habilidosamente para isso. Que usa as máscaras apropriadas para cada momento.


O "outro você" é nada menos que o seu ego.

domingo, 24 de agosto de 2008

Falando de fé


O céu não é o limite, palavras não impõem limites, muros e grades são invenções humanas. Invenções para afastar, para sustentar medos e receios, para alimentar a falta de fé.


Diante dos olhos de quem se permite, barreiras são esboços, ilusões. Por vezes elas aparecem, mexem contigo, mas tu prontamente as absorve como mais uma experiência para guardar na caixinha das peças bacanas do quebra cabeça da tua evolução.


Se tu olha para o céu e não enxerga limites, então tu tens a mesma visão que eu. As cores, a beleza, a pintura, a infinitude de possibilidades, a arte divina.


Algumas pessoas olham outras e vêem concorrentes, pedaços de carne e ossos ambulantes que não fazem diferença para a sua existência, a não ser que haja uma interação de fato. Outras pessoas conseguem sentir e ver uma história, uma bagagem ali, um ser lindo e merecedor de compartilhar o mesmo espaço e oportunidade.


A brisa que toca o teu rosto não te dá uma sensação de bem estar por acaso. Tomar um banho de mar não te deixa extasiado por que alguém disse que seria assim e pronto. Interagir com o que se apresenta ao teu redor não te faz agregar um mundo de possibilidades como que sem querer. Está tudo ligado. Tudo conectado. Nós sabemos, nós acreditamos nisso, mas criamos um mundo onde a realidade nos afasta disso. Nos afasta das nossas verdades. Nos afasta das nossas crenças. Nos afasta da nossa fé.


E reencontrar isso se torna uma grande busca.

sábado, 23 de agosto de 2008

Teu espaço


Pegue teu tempo e use-o com extrema habilidade. Afinal, o fato dele existir é por força da tua vontade. Então seja esperto e faça com que ele, ao menos, aja a teu favor. Sei que é difícil, mas não o deixe controlar tua vida, determinar teus passos. Ele pode se tornar o teu grande inimigo, o mais feroz. Na verdade ele já o é, só não o deixe saber disso. Seja calmo, o tempo é o mesmo. O sol não vai demorar mais para se pôr e muito menos a terra demorará mais para girar. Respeite o teu corpo, respeite a tua cronologia interna, dê ouvidos ao ritmo dos batimentos do teu coração.

E principalmente: não deixe ninguém determinar como isso deverá ser feito.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Além


Existe um espaço vazio esperando pela tua visita. Ali não existe nada, nem ao menos a ausência. É a atmosfera perfeita para tu ver. Ver aquilo tudo que ao longo da tua existência tu afastou. Ali tu vai (re)encontrar a tua criatividade, a tua coragem, e lembrar que o medo é um forte alimento para progredir. Tu contigo mesmo e nada mais.


Tu vai retroceder o filme e retornar ao início. Lá, onde a primeira pessoa te disse um sim e um não,  onde tu tremeu pela primeira vez, onde o teu choro te surpreendeu, onde a primeira saudade bateu. Essa vai ser a tua maior viagem, a mais alucinante. Sem pedágios, sem planos, sem destino.


Então tu vai descobrir que entrou na maior aventura de todas. A tua própria exploração.