sábado, 14 de novembro de 2009

Um brinde

Quando tu aprende a andar sozinho...

O mundo se transforma ao teu redor.

Novos gostos preenchem teu paladar.

Quando tu aprende a andar sozinho...

Tu ensina, tu absorve...é um sinal de recepção e oferenda.

Acreditava que poderiam existir elementos únicos. Independentes de tudo. Mas comecei a entender a interação inevitável das coisas. A impossibilidade de sustentação de algo em si próprio, apenas.

Quando eu falar, alguém sempre vai escutar e de algum jeito responder. De uma forma ou de outra as ondas sonoras vão parar em algum lugar e gerar uma reação. Mas eu também posso falar comigo, apenas com meu pensamento como figura de linguagem e expressão e isto talvez não geraria reação exterior.
Mas e de onde vem essa voz, estas palavras imaginárias, este idioma...esta articulação silábica? Alguns diriam que se trata de obra divina...para fugir da real possibilidade de que as coisas podem simplesmente ter interagido e evoluido juntas numa interdependência, e que isso é fascinante. Mas isto iria contra as longas e milenares teorias de que tudo é porque é...e existe um dedo iluminado que num estalo fez tudo desta forma.

Porém...está feito. O meio já interagiu, influenciou. É uma cascata, uma bela cascata de informações contínuas e transformadoras.

É algo natural. E deveria se manter assim. Essa deveria ser a grande religião. A interatividade.

Pessoas se abrigam na comodidade oferecida por explicações sustentadas na forma de religiões, que habilidosamente colocam fatos como certos, imutáveis, pragmáticos e miraculosos. Isto faz com que as lacunas tenham uma explicação, mesmo que sem sentido e nenhuma harmonia.

É a fé. É a nova fé que se cria. A fé que costumava ser direcionada para o nosso redor. Era a fé que se tinha no amigo, a fé que o pai tinha no filho, era a fé que se tinha em alguém desconhecido que acabara de aparecer em nossa vida. Era essa fé.

Alguns mais alternativos e contrários a "nova fé" e suas representações religiosas, criam sociedades, ou meios independentes de viver em harmonia. O mundo moderno está cheio. Novos profetas e pensadores que abominam as religiões arcaicas.

E o que é religião? Um jogo de fé talvez. É o que me parece. Tu direcionar pensamentos e mostrar um molde de mundo não é um jogo de fé?

Então pessoas se juntam com suas crenças em comum, formam grupos alternativos a esta realidade, e mantém o mesmo processo, que, de uma forma ou de outra continua as afastando do princípio básico de tudo, a interação. A fluência com o mundo de uma maneira macro se perde. E de alguma maneira, se cria uma nova religião.

E a fé?

Agora tu aprendeu a andar sozinho...é o que te disseram.

E quando tu está com alguém...tu consegue dizer tudo o que tu pensa?

E quando tu está andando sozinho...tu consegue acreditar na bondade alheia?

E a fé?

Nós aprendemos a andar sozinhos...
...nós aprendemos a andar em grupo...
...e nós renovamos a fé.

Bem vindos ao mundo moderno.

Um comentário:

Edu disse...

Brindamos á confiança, a amizade..., á nossa sintonia!

Como um maestro, novamente de forma harmoniosa expressou um sentimento recíproco.

A fé como um coringa, preenchendo lacunas... a fé como um remédio anti-depressivo, saciando a angústia... a fé como "religião" (união) e seu antípoda... a fé; mais uma incógnita da mente humana...!